Alexitimia é hoje um termo que diz respeito à marcante dificuldade em verbalizar emoções e descrever sentimentos, bem como sensações corporais.
A palavra provém do grego, onde A indica ausência, lexis é palavra e timia, emoção.
Um dos principais sintomas é a confusão entre sensações e sentimentos, e grande dificuldade em expressar os sentimentos através de palavras.
O alexitímico costuma relacionar suas sensações físicas aos seus sentimentos. Por exemplo, após sofrer um duro golpe emocional, o alexitímico irá reclamar de dor de cabeça ou fadiga, mas não saberá relatar de forma clara o que realmente sentiu.
Há pessoas que não identificam suas emoções e reagem com sintomas físicos, como dores e taquicardia.
Revista Scientific American - por Sylvie Berthoz
De acordo com estimativas americanas recentes, a cada sete pessoas pelo menos uma preenche os critérios de um transtorno chamado "alexitimia". O termo vem do grego: a = não, lexis = a leitura, thymos = ânimo ou disposição. Os homens são os que mais manifestam o distúrbio. Muitos são tidos como racionais, fechados ou espertos. Mas seus amigos mais próximos sabem que atrás dessa carapaça se esconde um coração mole. Não raro, esses indivíduos temem por sua saúde de um modo quase doentio. Se seu coração de repente dispara de forma violenta e o estômago dói, perguntam-se, transtornados, o que há de errado com eles. Não é se espantar que não consigam lidar bem com as reações físicas e se sintam tão ameaçados por elas - afinal, é o sentimento que as provoca.
A alexitimia não representa a única forma de transtorno no qual indivíduos, apesar de sentirem algo, não conseguem se conscientizar dessas sensações. Outro exemplo é a "visão cega", que se manifesta em pacientes com lesões do córtex visual primário. Por causa de um trauma, por exemplo, essas pessoas deixam de enxergar. De modo surpreendente, no entanto, reagem de forma inconsciente a estímulos de movimento, pois o nervo óptico transmite suas informações a outras regiões visuais que, por rotas alternativas, respondem a movimentos de forma seletiva. Fenômeno semelhante ocorre no campo do olfato: pacientes que dizem não sentir cheiro conseguem escolher sua comida preferida com os olhos vendados - logo, pelo odor. Outros pacientes que não têm sensibilidade nas pontas dos dedos podem segurar um objeto nas mãos e, de forma inconsciente, fazer a pressão correta. Por analogia à visão cega, os psiquiatras Richard Lane e Gary Schwartz, da Universidade do Arizona, Estados Unidos, instituíram a expressão "sentimento cego" para descrever a alexitimia.
É provável que a causa do transtorno se encontre na primeira infância. Um bebê, assim como o alexitímico, ainda não associa suas emoções a conceitos como medo ou alegria: eles as percebem apenas de forma física - por exemplo, quando por causa do medo sentem um nó na garganta ou surgem lágrimas em seus olhos. Só mais tarde as crianças aprendem a organizar as próprias reações corporais em contextos mais amplos e reconhecem que outras pessoas têm experiências semelhantes. É nesse momento que adquire condições para se tornar um indivíduo social e consciente.
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